O efeito que os sismos provocam nos edifícios consiste numa deformação imposta na base com características dinâmicas que introduz acelerações transmitidas aos vários pisos. Segundo a 2ª lei de Newton, o produto de uma massa pela sua aceleração gere uma força aplicada. A acção sísmica pode assim ser interpretada como um conjunto de forças horizontais variáveis no tempo e que se desenvolvem ao nível dos pisos, denominadas por forças de inércia, sendo a capacidade resistente de uma estrutura à acção sísmica associada à resposta a estes efeitos.
Convém realçar que, à parte da acção sísmica, deverão ser sempre verificados os estados limites para o carregamento vertical, pelo que o dimensionamento e concepção estrutural terão de garantir um correcto encaminhamento das cargas para estes dois casos. No mesmo sentido, efeitos como a variação de temperatura e a retracção do betão também devem ser tidos em consideração aquando da concepção da estrutura e da verificação especialmente aos estados limite de serviço.
Para qualquer material estrutural utilizado, terão de ser asseguradas a resistência e a rigidez para cargas verticais e horizontais. A resistência prende-se com a capacidade de transmissão de cargas desde o ponto de aplicação até às fundações sem que a capacidade resistente dos elementos estruturais seja ultrapassada, ao passo que a rigidez é necessária para controlar as deformações nos elementos estruturais sujeitos ao carregamento gravítico e os deslocamentos entre pisos provocados pelas acções horizontais. Para dotar as estruturas com estas características existem soluções estruturais alternativas cuja adequabilidade depende das características do edifício em causa.
Os sistemas estruturais disponíveis são o pórtico, as paredes e as soluções mistas. O sistema em pórtico é anterior e quase que é contemporâneo da própria introdução do betão como material estrutural. Neste sistema as cargas gravíticas são transmitidas às lajes, que apoiam nas vigas, e que por sua vez transmitem essas cargas aos pilares e fundações. Inicialmente este sistema era apenas dimensionado para as cargas verticais, verificando-se que este era suficiente para transmitir as cargas horizontais equivalentes ao sismo que a regulamentação da altura considerava.
O aparecimento do RSA em 1983 veio introduzir uma nova filosofia na quantificação da acção sísmica agravando os seus efeitos, verificando-se então que o sistema em pórtico era em muitos casos insuficiente para resistir a estes esforços em estruturas de dimensões consideraveis. Generalizou-se assim a utilização do sistema de estrutura mista pórtico/parede, que consiste na substituição de alguns espaços entre pilares e vigas anteriormente ocupados por alvenaria, por paredes resistentes de betão armado. De modo a não afectar demasiado a compatibilização com a arquitectura, é frequente materializar estas paredes nas caixas de elevadores ou de escadas ou nas empenas.
Por último, surge o sistema estrutural tipo parede, “em que os elementos verticais resistentes são todos ou quase todos paredes de betão armado” [2]. A reduzida utilização deste sistema estrutural deve-se à dificuldade de compatibilização com a arquitectura e a algum acréscimo de custos. A sua utilização compensa em edifícios com geometria muito regular em que o processo construtivo pode ser facilitado ou em edifícios bastante altos onde é necessário conferir uma elevada resistência sísmica.
Na grande maioria dos edifícios correntes com um porte considerável constata-se que o sistema estrutural mais eficaz para a acção sísmica é o sistema misto pórtico-parede. Os pórticos ,apresentam um maior grau de redundância estrutural, maximizando-se assim a capacidade de dissipação de energia através de formação de rótulas plásticas como se refere posteriormente. Por ,outro lado, as paredes conferem às estruturas não só uma boa capacidade resistente a cargas horizontais, mas também uma elevada rigidez o que possibilita o controlo dos deslocamentos relativos entre pisos. Como as lajes apresentam elevada rigidez no plano horizontal, os deslocamentos das paredes são os mesmos que os pilares vão sofrer, sendo possível deste modo limitar os danos nos elementos não estruturais, e reduzir os efeitos de 2ª ordem na estrutura.